Ary Barroso e o Fla x Flu

“Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor..."
(Aquarela do Brasil)

Você deve estar se perguntando o que esta música tem a ver com o Fla x Flu?!
É a música em si não tem nada a ver, mas quem a compôs tem muitas histórias e experiências com o Fla x Flu, o mestre Ary de Resende Barroso.

Ary Barroso é conhecido mundialmente por suas belas composições e pouco conhecido como locutor esportivo, área em que demonstrou todo seu fanatismo pelo seu time: o Flamengo.

Ary foi convidado a substituir Afonso Scola, locutor esportivo da Revista Cruzeiro, que adoeceu na véspera do Fla-Flu de 1935. Nasceu assim um dos aspectos mais fascinantes da vida de Ary Barroso: suas aventuras como locutor de futebol.
Logo de cara ele narra um Fla x Flu, jogo de significado especial para ele, pois o que muitos desconhecem também, é que Ary fora torcedor do Fluminense até o dia em que um amigo levou-o ao Flamengo. Ary gostou da turma, começou a se identificar e em breve tornou-se membro dos "Dragões Negros", agrupamento de torcedores fanáticos do clube.

Diz-se que a diferença de "Ary tricolor" para "Ary flamenguista" é que Ary tricolor não era torcedor.

Naquela época a vida de um locutor esportivo não era fácil. Ainda não existiam as cabines para a imprensa e os jogos eram transmitidos do meio da torcida, sob sol ou sob chuva. Logo, era complicado fazer a transmissão do jogo por causa do barulho, quando saia um gol então.... Mas Ary sempre buscava inovações em suas diversas atividades, nesta não podia faltar. Ele experimentou diversos aparelhos sonoros para avisar aos ouvintes quando era marcado um gol, foram sinos, sirenes, sanfonas......... quando enfim encontrou um ideal: uma gaitinha de bolso. A estréia da gaitinha aconteceu na transmissão do jogo de Vasco e São Cristovão, com vitória do Vasco por 7 a 1. Foram, portanto, oito apitos da gaita. O sucesso causou frenesi nas pessoas.

Ouça abaixo o trecho de uma narração de Ary e o som de sua famosa gaita:



Além do destaque pelo uso da gaita, também ficou marcado por sua parcialidade, pois torcia descaradamente a favor do rubro-negro. Os gols do seu time eram comemorados com sopros muito mais longos do que os das outras equipes. Quando o Flamengo era atacado, ele dizia mensagens do tipo: “Ih, lá vem os inimigos. Eu não quero nem olhar”, se recusando claramente a narrar o gol do adversário.

Coisas de Ary Barroso, como locutor esportivo:

- No ano de 1944, numa partida entre Vasco e Flamengo, Ary não resistiu e abandonou o microfone seis minutos antes de terminar a partida, porque seu "Mengo" tornava-se tricampeão! Sem lembrar de mais nada, lá estava ele, na beira do gramado, chorando de alegria e esperando o apito final para invadir o gramado e comemorar como um torcedor comum.

- Certa vez, de tanto criticar o Vasco da Gama, ele foi proibido de entrar em São Januário para mais uma jornada esportiva, onde se travaria o importante jogo de Vasco e Fluminense. Como não se dava por vencido facilmente. Transmitiu o jogo do telhado de um galinheiro, ao lado do campo do Vasco, auxiliado por binóculos.

- Com o tempo, mesmo sendo bem parcial ao flamengo, até os rivais passaram a ouvir as narrações do "rubro-negro". E certa vez o Flamengo perdia de seis a zero para o Bangu, no Maracanã. Faltando poucos minutos para o jogo acabar, um torcedor aparece nas bilheterias querendo comprar ingressos e entrar no estádio. O bilheteiro obviamente não entende e explica ao rapaz que os ingressos não estão sendo mais vendidos, pois o jogo está acabando. Ele responde: "Quem disse que eu vim ver o jogo? Quero ver é a cara do Ary Barroso"


Fontes:
Clube da Voz – http://www.clubedavoz.com.br/
Revelação On Line - www.revelacaoonline.uniube.br/gente03/ary4.html
Especial Ary Barroso - www.extra.ufjf.br/noticias/especiais/Ary/ary_fa.htm