quarta-feira, 29 de junho de 2011

Charges do Clássico

O Flamengo venceu o Fluminense por 4 x 1 em partida pelo
Campeonato Brasileiro.
 
  


Futebol não fica só nas 4 linhas, nada melhor do que seu time ganhar e no dia seguinte poder brincar com os amigos do time adversário, e para apimentar essa disputa a anos os jornais não deixam de lado as charges, tratando com humos e irreverência toda essa rivalidade.

   Muitos são os chargistas especializados em esportes, e trago a entrevista de Mario Alberto, chargista do Jornal o Lance para contar um pouco sobre suas criações.

   Mario começou a desenhar charges em 1994 quando inscreveu um trabalho no Salão de Humor da Casa de Cultura Laura Alvim e foi premiado com uma Menção Honrosa. Em 1997, publicou uma caricatura do Ronaldo no jornal O Dia e, logo em seguida, fui contratado para trabalhar na equipe original do Lance, onde esta desde então.

   O gosto pelo desenho na infância acabou o levando para o curso superior de Programação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ onde teve contato com o ilustrador e professor Rui de Oliveira, um dos maiores ilustradores do Brasil e, porque não, do mundo. “Quando tive minhas primeiras aulas com o Rui, descobri que eu poderia sim ser um desenhista profissional e logo comecei a realizar trabalhos freelancer como ilustrador para agências de publicidade e editoras” diz o ilustrador.

   Seu enfoque nem sempre foi o esporte, mas acabou sendo seu "carro chefe" profissional:

“90% do meu trabalho no Lance é voltado para o futebol que, não tem jeito, é a grande paixão esportiva nacional. Na verdade, acho a charge esportiva futebolística até mais difícil de fazer do que a charge propriamente dita, que, geralmente, é política. Na política, o público está do mesmo lado que o chargista: o da crítica ao governo e aos políticos. Na charge esportiva, temos o chargista de um lado e o público, leia-se torcedores, do outro. Um público, diga-se de passagem, tão passional quanto conservador e que, de modo geral, não gosta que se façam piadas com o próprio time, não raramente considerando essas piadas "uma falta de respeito". Além disso, pra complicar, esse público não necessariamente curte piadas com os times adversários e quer, no fundo, no fundo, que o chargista faça a "anti-charge" que seria a charge elogiando ou celebrando as vitórias do seu clube. Digo anti-charge porque a charge, por princípio, deve ser crítica em seu teor e nem todos estão preparados para rir de si mesmo, ou de seu próprio clube do coração. Mãe de chargista esportivo é que nem mãe de juiz: vive com as orelhas quentes... 
O Fla ainda não havia engrenado no Brasileiro e o Flu
também não estava em uma boa fase. Àquela altura do ano, a Copa
Sul-Americana parecia um "salva-vidas" para os dois rivais. O
Rubro-negro acabou eliminado da competição e o Tricolor perdeu a final
para a LDU

  Perguntado quanto ao clássico FlaXFlu trazer mais visibilidade as suas criações Mario nega, porém mostra toda a plasticidade visual que o clássico remete. “O Fla x Flu é um clássico ímpar entre os "clássicos ímpares" porque é um símbolo da cidade do Rio de Janeiro como o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, a praia de Copacabana ou o próprio Maracanã e, por isso, tem uma simbologia muito forte. Só que isso não muda muita coisa na hora de fazer uma charge. Visibilidade e impacto dependem muito mais do momento, da situação de cada clube no dia e o quanto isso pode originar uma boa charge.


   A imparcialidade na hora de criar é alcançada por uma rotina dura de trabalho e anos de criação.
 “Quando estou de plantão, estou trabalhando e tenho que fazer o meu trabalho bem-feito porque eu
não quero perder o meu emprego. Além disso, estou sempre submetido ao horário de fechamento do jornal e às tarefas darias que devo cumprir, como ilustrações para matérias e colunas, e não sobra muito tempo pra torcer. Se, na hora de um jogo, eu ficar torcendo e me deixando levar pelas emoções ao invés de desenhar, não terei concentração para fazer um bom trabalho e, muito menos, irei conseguir entregar alguma charge apresentável até o meu horário limite de todos os dias. Curiosamente, depois de quatorze anos de charges esportivas, é cada vez mais natural para mim levar para as minhas horas de lazer essa tranqüilidade na forma de encarar os resultados dos jogos. Continuo sendo um torcedor fanático e me divirto bastante quando estou vendo um jogo como torcedor, mas acabado o jogo, durmo tranqüilo tanto na derrota quanto na vitória.

PM: _Foram muitos clássicos marcantes do Fla X Flu, gol de barriga do Renato, jogo da lagoa, algum foi mais marcante para você e suas criações?

MA: Quando comecei a trabalhar no Lance em 1997, o gol de barriga já tinha mais de "dois anos de idade" e, na verdade, esse foi o último Fla x Flu realmente marcante e decisivo até os dias de hoje. Depois disso, os dois clubes não se encontraram mais em uma decisão de fato. A partir do próprio ano de 1997, o Fluminense começou a viver a sua fase de rebaixamentos, o que fez com que vários Fla x Flus deixassem de ocorrer. Depois disso, o Flamengo emendou seguidas decisões estaduais contra Vasco e Botafogo e as únicas duas decisões de cariocas em que o Fluminense esteve presente foram contra Americano (2002) e Volta Redonda (2005). O Fla ganhou a Copa do Brasil de 2006 em cima do Vasco, o Flu levou a de 2007 sobre o Figueirense. A final da Libertadores de 2008 foi Flu X LDU. Os Brasileiros de 2009 e 2010 não tiveram final... Ou seja, Fla e Flu não se encontraram em jogos finais nas últimas grandes conquistas (ou grandes derrotas) de ambos e, em  um jogo tão especial como esse, acredito que isso seja um fator muito importante para gerar algum desenho marcante envolvendo os dois times na mesma charge.


Fla x Flu no domingo de Páscoa.
 PM: _ acredita que a charge desempenha um papel importante para aumentar a rivalidade do clássico e sua importância?
 
MA: Eu espero que nunca uma charge minha sirva para aumentar não só a rivalidade entre Flamengo e Fluminense, mas qualquer outra rivalidade. Pelo contrário, prefiro pensar que através do humor eu consiga fazer o torcedor perceber o quanto podem ser divertidas e engraçadas tudo o que envolve o futebol. Já temos rivalidade e violência demais para eu desejar que o meu trabalho aumente isso de qualquer forma que seja. Torcedor tem que torcer, tem que gritar, tem que comemorar a vitória e chorar a derrota, mas, após o jogo, seria muito mais legal se todo mundo saísse dali pra tomar um chopp junto e rir de todo esse "drama"... Eu, de minha parte, terei atingido o meu objetivo se as minhas charges ajudarem de alguma forma as pessoas a verem as coisas desse jeito.

PM: _Algum ídolo deste clássico ficou imortalizado em suas criações?

MA: Não sei se imortalizado seria o termo, mas ambas as torcidas já fizeram
bandeiras com desenhos meus, o que dá uma dimensão diferente para os
meus trabalhos.

No fim do ano passado, a torcida do Fluminense levou para o último jogo
do Campeonato Brasileiro um bandeirão com uma charge que fiz do Conca.
(anexo 20101030.jpg)

Link para o vídeo dessa matéria:
http://www.youtube.com/watch?v=VUS58juXgXQ (O bandeirão do Conca aparece
em 1:05)

No lado rubro-negro, desde 2007, a torcida organizada Urubuzada leva pros estádios uma bandeira com as caricaturas dos jogadores do time campeão mundial em 1981 (20061213.jpg)

Paula Morgado

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Virou a casaca!


Homem trajando a casaca
     É comum a “dança” de jogadores no futebol. Mas antes de falar de futebol, um pouco de história mundial. A casaca é um traje de gala masculino(foto) criado na França no século 17. O termo virar a casaca surgiu aproximadamente na monarquia de Carlos Manoel III, que em 1720 tornou-se o Rei da Sardenha (Ilha italiana). O rei costumava fazer festas e banquetes em homenagem a seus aliados nas guerras territoriais como a França, a Áustria, a Itália e principalmente para Inglaterra, o maior poder bélico da época. Mas como todos os países eram inimigos entre si, cada baile que o rei organizava as cores do país convidado era usado, inclusive na casaca real. Com isso surgiu o termo virar a casaca, pois o rei tinha um traje de cada cor para agradar seus aliados momentâneos. Foi com essa inteligência misturada com bajulação que o rei Carlos Manoel III ficou quase cinquenta anos no poder conseguindo promover reformas judiciárias, financeiras, territoriais e melhorias para seu povo.

     Voltando ao futebol, o jogador, técnico, dirigente, qualquer pessoa que saia de um clube e para trabalhar em outro estará virando a casaca se os clubes forem grandes rivais, em suas maiorias regionais (ex: Flamengo e Fluminense), algumas nacionais (ex: Flamengo e Sport) e até internacionais (ex: Fluminense e LDU). Então como em toda grande rivalidade ter uma boa história é indispensável para que esse duelo seja considerado um clássico.

Leo Moura e Juan
     Focando nos vira casacas de Flamengo e Fluminense temos jogadores de todas as posições que conseguiríamos formar uma seleção. Jogadores que se consagraram nos dois clubes, alguns em apenas um e outros que não se firmaram em nenhum. No futebol atual temos alguns exemplos como Leonardo Moura, que começou no Botafogo e jogou algumas temporadas por Fluminense e Vasco antes de se estabilizar na lateral direita do Flamengo e Juan que começou nas Laranjeiras e depois foi se estabilizar na Gávea.


Diego Souza e Emerson Sheik

     Emerson Albuquerque (Sheik) não é querido por nenhuma das duas torcidas, pois quando chegou à gávea, clube que dizia torcer desde criança, beijou escudo e prometendo amores e flores, mas não resistiu à proposta do mundo Árabe. Na sua volta foi para o Fluminense, desagradando à torcida rubro negra. Mesmo marcando o gol do título tricolor que amargurava uma espera de vinte e seis anos pelo Campeonato Brasileiro, as desconfianças continuaram, e por uma confusão mal explicada o jogador foi dispensado. Atualmente busca sua redenção no futebol nacional no Corinthians. Historia parecida com a do jogador Diego Souza que por sua irregularidade nunca foi uma unanimidade nas duas bandeiras.

Edmundo e Romário
     Romário um dos maiores gênios de todos os tempos na pequena área jogou nos dois clubes também. Um jogador que é campeão mundial com a seleção brasileira, jogando o futebol que ele jogou, não pode ser sacrificado por nenhuma torcida e não foi, pois sempre correspondeu em campo todo fanatismo da torcida. Junto com Edmundo, Romário formou o ataque “Bad Boy”, devido à má fama dos dois jogadores dentro e fora dos campos na época do Flamengo. Ataque repedido mais duas vezes no Fluminense e no Vasco da Gama.

Pelé e Zico

     Uma das curiosidades desse confronto é que o Rei do futebol, Pelé, vestiu as duas camisas. Consagrado no Santos, Pelé disputou alguns amistosos pelo Flamengo e pelo Fluminense. Outros grandes jogadores que ficaram na história do futebol também que também defenderam esses dois grandes times foram Carlos Alberto Torres, Claudio Adão, Paulo Cesar Caju, Moisés, Gerson e Renato Gaúcho.

Joel Santana

     Outro grande feito é de Joel Santana que foi campeão carioca com todos os quatro grandes times do Rio de janeiro. Joel foi campeão com o Fla em 96 e 2008 e com o Flu em 95. Mas Joel não está sozinho, Zagallo e Abel também já foram campeões com as duas equipes como treinador.
Abaixo alguns nomes de jogadores que viraram a casaca:

- Andrei (Fluminense, Botafogo e Flamengo).

Carlos Alberto Torres
- Caio Ribeiro (Fluminense, Botafogo e Flamengo).

- Cocada (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Djair (Fluminense, Botafogo e Flamengo)

- Fabiano Eller (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Felipe (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Jean (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Jorginho (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Mário Sérgio (Fluminense, Botafogo e Flamengo).

Jorginho

- Nunes (Fluminense, Botafogo e Flamengo).

- Petkovic (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Renato Silva (Fluminense, Botafogo e Flamengo).

- Ricardo Rocha (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Rodrigues Neto (Fluminense, Botafogo e Flamengo).

- William César de Oliveira (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Wilson Gotardo (Fluminense, Botafogo e Flamengo).

Petkovic

- Yan (Fluminense, Flamengo e Vasco).

- Zé Mário (Fluminense, Flamengo e Vasco).





Aluno
Ruyter dos Santos





terça-feira, 14 de junho de 2011

Canções







Falar em futebol sem lembrar-se das torcidas é algo impossível. Os clássicos não teriam a mesma emoção se não tivesse apoio e as canções dos torcedores. As músicas com sua irreverência e seu teor provocativo animam a torcida e motivam os jogadores em campo.


Falando de músicas do clássico FLAXFLU, não podemos esquecer a paródia da música Uísque à Go-go feita pelos torcedores do Fluminense que além de motivar o time, provoca a torcida do Flamengo. “Vou para o Maraca ver meu Fluminense/ Torcida deles não tem nenhum dente./ Vamos vencer/ Ganhar FlaxFlu é normal.”

O lado rubro negro não deixa barato e também cria suas músicas provocativas ao rival Fluminense, sempre insinuando a torcida tricolor como simpatizante do homossexualismo. “ Que palhaçada/ esse pó de arroz/ tricolor vi***/ passa maquiagem/ e da o c* depois”

Se tratando do maior clássico do Rio de Janeiro, a provocação entre as torcidas não pode faltar.


Um dos cantos mais conhecidos e cantados de todos os tempos é o “dança da bundinha”, a torcida do Fluminense canta animadamente para implicar com o time rival: “Dança, dança, dança da bundinha no Maracanã urubu virou galinha”. A música ficou tão conhecida que as outras torcidas rivais do Flamengo também a adotaram.

Como é comum entre as torcidas, são as provocações acerca da perda ou ganho de títulos, a torcida do Flamengo em um ano que se classificou para a Copa Libertadores da América criou uma música para exaltar a não classificação do Fluminense. “Chora tricolor/ o sonho acabou/ Libertadores sou quem vou.”

Quando seu time ganha de seu maior rival, a primeira coisa que o torcedor faz além de comemorar a vitória é aborrecer os amigos torcedores do outro time com piadinhas sobre a partida. Quando se trata da derrota do Flamengo, os tricolores cantam para o seu adversário: “Favela, favela, favela, silêncio na favela”.

E se tratando de derrota do Fluminense, como todas as torcidas rivais, o Flamengo segue com insinuações ao homossexualismo, mas coisas ao ver de quem ama o futebol, totalmente saudáveis ao mesmo. “Todo vi*** que eu conheço é tricolor”

A paródias de grandes sucessos é parte fundamental da festa, o tricolor carioca criou uma versão bem humorada do clássico “La Bamba” para implicar com os outros times cariocas, e claro com o Flamengo. A música se chama “Eu não sou rubro-negro” e é muito ouvida no FLAXFLU.

Eu não sou rubro-negro,

Eu não sou rubro-negro,

Eu não sou ladrão,

Não sou ladrão, não sou ladrão!

Dá-lhe Nense, dá-lhe Nense,

dá-lhe Nense,

Eu não sou vascaíno,

Eu não sou vascaíno,

Eu não vendo pão,

Não vendo pão, não vendo pão!

Dá-lhe Nense, dá-lhe Nense,

dá-lhe Nense,

Eu não sou Botafogo,

Eu não sou Botafogo,

Eu não sou chorão,

Não sou chorão, não sou chorão!


Como o jogo não termina para nenhum dos dois lados, a torcida do Flamengo também criou um letra para provocar os seus rivais.

“Poderíamos ser botafoguense, mas chega de crise na minha vida.

Poderíamos ser vascaínos, mas não me contento com o segundo, podendo ser o primeiro.

Nós poderíamos ser tricolor, mas gosto de estádio cheio e nada de via***.

Nós poderíamos não ser Rubro-Negros, mas esses certamente não Seriam NÓS!”


O importante mesmo é a exaltação dos times, o lado mais bonito do torcedor é o amor pelo próprio time. As torcidas do Flamengo e do Fluminense cumprem seu papel de torcedor leal e que acima de tudo vão aos estádios para apoiar seu clube.

Quem vai às arquibancadas tricolores irá ouvir diversas músicas de incentivo ao time. Como o “Horto Mágico”: “Sou/ Sou tricolor/ Sou tricolor de coração/ Vim ver o Flu/ Meu grande amor/ Graças a Deus sou Tricolor/ Vamos Fluzão/ Vamos ganhar/ Eu sou do clube 30 vezes campeão/ Vim para torcer/ Vim para gritar/ E por você a vida inteira eu vou cantar.” e Meu Tricolor Amo Você, paródia da canção Anunciação de Alceu Valença: “Eu vou cantar essa paixão que vem de dentro um sentimento verde, branco e grená. Camisa tricolor e a bandeira ao vento. Meu Fluminense, vim aqui para te apoiar. Olê, Olê, meu tricolor, amo você.”

Em ambiente rubro negro, todos sempre gritam com orgulho a famosa “Mengão do meu coração” que marcou a torcida flamenguista nos últimos tempos.

Mengo!

Estou sempre contigo

Somos uma nação

Não importa onde esteja

Sempre estarei contigo

Com meu manto sagrado

Minha bandeira na mão

O Maraca é nosso

Vai começar a festa!

Dá-lhe, Dá-lhe, Dá-lhe, Eô

Mengão do meu coração

Dá-lhe, Dá-lhe, Dá-lhe, Eô

Mengão do meu coração


O que importa realmente, independente de todas as provocações de ambos os lados, é que essa brincadeira, divertida e saudável não pare, pelo bem do futebol, e para não se levar tão a sério o futebol, como alguns pretendem levar.

Marcado em dose dupla

O que acontece quando se num fla x flu existe um jogador para marcar história? E o


que acontece se esse jogador apresentar a façanha de marcar história nos dois clubes?

É exatamente o caso do polêmico, mas artilheiro Renato Portalupe, o popular Renato

Gaúcho.

Não se pode negar, o marco de Renato envolvendo os dois times, foi o seu gol de

barriga num carioca decisivo contra o Flamengo em 1995, atuando pelo tricolor das

laranjeiras, fato que o fez ser odiado até hoje por muitos flamenguistas. Como a vida da

voltas, não é mesmo? Se voltarmos para o ano de 1987, anotaremos que o Flamengo foi

campeão do nacional do ano, batizado de “Copa União”, e quem estava presente como

um dos principais nomes do time rubro-negro? Ele mesmo ! Renato Gaúcho, era um

dos representantes do time campeão daquele ano, onde se consagrou e honrou o manto

sagrado.

Como se vê em vários casos, jogadores são capazes de despertar o amor e ódio de sua

torcida, querendo ou não, são profissionais e dentro do padrão do mercado da bola,

estão sujeitos a vestirem diferentes camisas, mas como é nítido, a torcida nunca vai ter

nada a ver com isso, são todos eles somente pelo clube e por quem for sempre capaz de

amá-lo e respeita-lo.

O vigésimo Fla x Flu

Dizem que imagens podem valer do que muitas palavras. Nesses quase 100 anos do clássico muito foi fotografado, mas pouco registrado das disputas no início do século passado. Há um vídeo histórico do vigésimo Fla x Flu disputado em 21 de dezembro de 1919. O jogo valeu pela penúltima rodada do Campeonato Carioca daquele ano. O Fluminense venceu por 4 a 0 e garantiu o tricampeonato carioca. Marcaram Machado (dois), Welfare e Bacchi.

Clique e assista trechos do jogo

Marcelle Jannuzzi e Luiz Murillo Tobias

GIRO PELO MUNDO

Com toda a história do clássico Fla x Flu e tudo o que o mesmo representa na história do futebol, faz-se interessante também tratar de outros clássicos importantes do futebol mundial. Clássicos esses, que surgiram de situações de confronto étnico, político, religioso, entre outros.

Usarei esse espaço para escrever sobre dois clássicos que englobam tudo isso: o clássico escocês Celtic x Rangers e o clássico sérvio Partizan Belgrado x Estrela Vermelha.


Celtic x Rangers:

Para entendermos um pouco dessa rivalidade, precisamos remontar à metade do século XIX. Por volta de 1850, a Irlanda, país vizinho da Escócia, foi assolada por uma praga na plantação de batatas, principal alimento do povo irlandês e um dos mais importantes produtos de exportação do país. Essa praga fez com que 1 milhão de irlandeses do mundo inteiro morressem de fome em menos de 20 anos e outros tantos milhões emigrassem para o mundo inteiro. Muitos desses, os que não tinham dinheiro para pagar viagens até a América, emigraram para a Escócia, sendo considerados pelos escoceses a escória da escória. Todos muito pobres e muito católicos, dispostos a fazer de tudo para melhorar de vida, inclusive roubar e matar.

Diante desse quadro, um padre irlandês chamado Walfrid teve a brilhante ideia de utilizar aquela gente toda para um fim mais nobre: o futebol. Reuniu seus paroquianos mais habilidosos e fundou, em 1887, o Celtic Football Club. O nome lembrava os antigos habitantes da Irlanda - os celtas - e o distintivo do clube, um trevo de quatro folhas, símbolo irlândes para a Cruz de Cristo, homenageava a igreja católica. As cores do uniforme , verde e branco, eram as mesmas cores da bandeira Irlandesa.

Entretanto, Glasgow era uma cidade pequena demais para dois clubes, ainda mais para dois clubes de religiôes diferentes, tendo em vista que, 15 anos antes da fundação do Celtic, em 1872, jovens estudantes de Glasgow, fundaram seu clube, o Rangers Football Club, até então o único clube escocês com alguma projeção no Reino Unido. Seus fãs eram, naturalmente, protestantes. A ascensão de um clube formado por irlandeses pé-rapados e, o pior de tudo, católicos, era uma afronta as pretensoes daquele clube cuja camiseta tinha as cores da bandeira britânica - azul, vermelha e branca. Os jogos entre Ranges x Celtic atraiam públicos de 30 mil pessoas, ainda no final do séclo XIX e início do XX, fato incomum em jogos de futebo, na época. Eram 30 mil torcedores dispostos a brigar. Confrontos e mortes foram registrados já no século XIX entre torcedores de ambos os clubes. Quando a Irlanda se tornou um Estado livre, em 1922, a situação entre os dois clubes ficou ainda pior, pois além de católicos e pobres, os irlandeses passaram a ser oficialmente estrangeiros; e estrangeiros indesejáveis, perseguidos pela polícia, caçados por protestantes depois dos jogos, acusados de terrorismo e ligação com o IRA(Irish Republican Army), o que não deixa de ser verdadeiro até certo ponto, tendo em vista que até hoje bandeiras do grupo terrorista são vistas no estádio do Celtic. Por outro lado, são comuns no estádio do Rangers bandeiras do Reino Unido e da Rainha Elizabeth.

Assim fica consolidada a rivalidade: O Celtic é o time dos católicos - isto é, dos irlandeses, pró-IRA e para muitos, pró-independência da Escócia em relação a Londres. O Rangers é o time dos protestantes - isto é, dos britânicos, pró-permanência inglesa no Ulster, pró-unificação, enfim, pró-Império.

Os números do clássico dão vantagem ao Rangers: desde 1888 são 549 jogos, com 235 vitórias do Rangers, 179 do Celtic e 135 empates. O Rangers também possui mais títulos escoceses e uma torcida ligeiramente maior.






Partizan Belgrado x Estrela Vermelha:

Conhecido como "O clássico eterno" Partizan Belgrado e Estrela Vermelha protagonizam um dos maiores clássicos do futebol mundial. A rivalidade entre as duas equipes vai muito além do fato de serem os maiores clubes de Belgrado. O clássico eterno, como é chamado, costuma propocionar pesadas cenas de violência.

Durante a Segunda Guerra mundial, o Exército Popular da Iugoslávia era chamado de Partisan. Após o fim do conflito, os militares fundaram o FK Partizan, enquanto o partido Comunista do país fundou o Estrela Vermelha de Belgrado. Suas torcidas ainda possuem caracteristicas de fundação dos clubes.

Os coveiros, como é chamada a torcida do Partizan, são conhecidos pelos atos de nacionalismo, chegando a vaiar até jogadores estrangeiros. Durante a década de 90, tentaram impor no clube a proibição de atletas estrangeiros para que não pudessem atuar no time, mas não obtiveram sucesso. Já a torcida alvi-rubra, ou os Ciganos, é conhecida por ser de extrema-esquerda.

As partidas entre os dois clubes são verdadeiras guerras, dentro e fora de campo. Em 1999, um torcedor do Estrela foi morto por um fogo de artíficio da torcida do Partizan. Dias depois, os coveiros foram tirar satisfações sobre o ocorrido, o que acabou se tornando uma pancadaria, levando outros sete torcedores a morte. Também é comum durante os clássico uma das torcidas quebrar e atear fogo nas cadeiras do estádio do time rival.

Quando se fala em títulos, a disputa é equilibrada, com o Partizan tendo 23 títulos nacionais e o Estrela Vermelha com 25. Porém, a equipe esquerdista possui o título da Champions League e do Mundial Interclubes, ambos em 1991. A equipe campeã, tinha jogadores de nome, como o artilheiro Stojkovic e o jovem meia Petkovic, com 19 anos.




O CLUBE MODELO

A Taça Olímpica foi atribuida ao Fluminense no ano de 1949, pelo Comitê Olímpico Internacional, por ter sido o clube um modelo de organização desportiva para todo o mundo.




Somente o Fluminense como clube poliesportivo possui esse título, fato que o torna único no cenário mundial nesse quesito, dividindo a honraria com países, federações esportivas e comitês olímpicos, entre outros.

O Fluminense enviou, em 1924, farta documentação ao COI, inclusive sobre a realização dos Jogos Latino-americanos de 1922 em suas instalações, visando a conquista desse prêmio, que é tido como o Prêmio Nobel do esporte.